quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ENVELHECER SIM! ESPERAR SENTADO A MORTE NÃO...


Depois que foi inventada a era do lazer, as pessoas podem se considerar definitivamente liberadas da tediosa tarefa de cumprir o seu desiderato biológico: parir filhos e “sentar no sofá de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”*. Pelo menos era o que acontecia até algumas décadas atrás, quando alguém com quarenta anos já era decadente e aos cinquenta ficava na espectativa de ganhar um modelito de pijama de madeira.
*Raul Seixas – Ouro de tolo.


Apesar das transformações nas relações sociais, uma determinada parcela da população continua cumprindo à risca o fado dos seus ancestrais: passam anos vivendo as mazelas típicas dos velhos e esperando a morte chegar. A diferença para a década de 50 e hoje são os avanços da medicina que não deixam ninguém morrer, assim, as pessoas emplacam décadas vivendo como velhos, pensando como velhos, e agindo como velhos, quando a vida lhes oferece inúmeras possibilidades bem menos abjetas.

Tenho uma teoria singela sobre a questão: as pessoas que atravessam a existência cumprindo jornadas laborais ingratas apenas para conseguirem alguma diversão nos fins de semana, ao final, quando chega a luz do fim do túnel da aposentadoria, elas descobrem que é tarde demais, já estão irremediavelmente velhas. O vídeo do Fernando é autoexplicativo sobre o que estou querendo dizer. Não sei se é pose ou a sua “verdade verdadeira”, mas o vídeo se presta a uma reflexão sobre o futuro de quem tem medo a vida inteira de chutar o balde.


Por outro lado, há pessoas que jamais envelhecem e você pode encontrar muitas delas atuando por aí independentemente da idade: Oscar Niemeyer, do alto dos seus 103 anos continua concebendo projetos maravilhosos a todo vapor. Mick Jagger, com seus 68 anos continua encantando as plateias com suas estripulias de menino no palco. Edgar Morin não permite que os seus 90 anos estagnem a sua filosofia, tanto que continua escrevendo e dando palestras ao redor do mundo. Martha Graham, a criadora da dança moderna, que morreu aos 96, dançou até os 70 anos e só parou de dar aulas com mais de 90 anos. Paulo Autran, que morreu aos 85 anos, continuou em cima do palco até o último ano antes da sua morte. Fernanda Montenegro, aos 81 anos continua ativa como uma menina serelepe. J.R.R Tolkien, o famoso escritor da trilogia “O Senhor dos Anéis” manteve-se lúcido e produzindo até ao final da sua vida aos 81 anos. Guiomar Novaes nunca parou de tocar piano genilmente, até o seu falecimento aos 85 anos. Sobral Pinto, um dos maiores juristas brasileiros, continuou produzido até o final da vida aos 98 anos.

A conclusão inevitável é que atores, músicos, escritores, artistas, cientistas, filósofos, arquitetos, juristas, enfim, gente que não tem um trabalho, mas um ofício, jamais se inativam. Por isso, as suas vidas não sofrem o corte da aposentadoria, quando as pessoas abandonam a sua atividade útil e passam a usufruir de um descanso que normalmente significa a aposentação do cérebro.

Com todas as cartas postas na mesa, jovem o que você fará da sua vida? Preferirá fazer um concurso que lhe renda um belo dinheiro e segurança, ao custo de um trabalho de macaco ensinado, ou escolherá fazer o que gosta, em que a sua criatividade será explorada, mas ao sacrifício da estabilidade financeira? As famílias, estas entidades criadas por Satanás, sempre aconselharão e coagirão para a primeira escolha. Por isto o mundo está cheios de zumbis aposentados, ou melhor, de Fernandos que devotam exclusivamente à derradeira missão de mijar de 10 em 10 minutos.

Àqueles que já viraram "Fernandos", sempre há a possibilidade de sacudir a poeira e fazer o cérebro voltar a funcionar: aprenda piano, faça Tai Chi Chuan, aprenda meditação, leia, pratique Yoga, salte de para-quedas, aprenda a pilotar avião, escreva um livro, faça um curso de pintura, veleje, viaje, escreva um poema, faça trabalhos voluntários, combata as suas apreensões e faça pelo menos uma vez na vida o que você sempre quis e nunca teve coragem. Inspire-se no exemplo do Fernando, ele montou um personagem e começou a tocar um Vlog.